domingo, 28 de junho de 2009

Receita de Dona Cacilda


Dona Cacilda é uma senhora de 92 anos, miúda, e tão elegante, que todo
dia às 08 da manhã ela já está toda vestida, bem penteada e discretamente
maquiada, apesar de sua pouca visão. E hoje ela se mudou para uma casa
de repouso: o marido, com quem ela viveu 70 anos, morreu recentemente, e
não havia outra solução. Depois de esperar pacientemente por duas horas
na sala de visitas, ela ainda deu um lindo sorriso quando a atendente veio
dizer que seu quarto estava pronto. Enquanto ela manobrava o andador em
direção ao elevador, dei uma descrição do seu minúsculo quartinho,
inclusive das cortinas floridas que enfeitavam a janela. Ela me
interrompeu com o entusiasmo de uma garotinha que acabou de ganhar um
filhote de cachorrinho. - Ah, eu adoro essas cortinas... - Dona
Cacilda, a senhora ainda nem viu seu quarto... Espera um pouco... - Isto
não tem nada a ver, ela respondeu, felicidade é algo que você decide por
princípio. Se eu vou gostar ou não do meu quarto, não depende de como a
mobília vai estar arrumada... Vai depender de como eu preparo minha
expectativa. E eu já decidi que vou adorar. É uma decisão que tomo todo
dia quando acordo. Sabe, eu posso passar o dia inteiro na cama, contando
as dificuldades que tenho em certas partes do meu corpo que não funcionam
bem... Ou posso levantar da cama agradecendo pelas outras partes que
ainda me obedecem. - Simples assim? - Nem tanto; isto é para quem tem
autocontrole e exigiu de mim um certo 'treino' pelos anos a fora, mas é bom
saber que ainda posso dirigir meus pensamentos e escolher, em consequência,
os sentimentos. Calmamente ela continuou: - Cada dia é um presente, e
enquanto meus olhos se abrirem, vou focalizar o novo dia, mas também as
lembranças alegres que eu guardei para esta época da vida. A velhice é como
uma conta bancária: você só retira aquilo que guardou. Então, meu conselho
para você é depositar um monte de alegrias e felicidades na sua Conta de
Lembranças. E, aliás, obrigada por este seu depósito no meu Banco de
Lembranças. Como você vê, eu ainda continuo depositando e acredito que, por
mais complexa que seja a vida, sábio é quem a simplifica.
Enviado por Lídia e Luís via e-mail




































Dona Cacilda é uma senhora de 92 anos, miúda, e tão elegante, que todo
dia às 08 da manhã ela já está toda vestida, bem penteada e discretamente
maquiada, apesar de sua pouca visão. E hoje ela se mudou para uma casa
de repouso: o marido, com quem ela viveu 70 anos, morreu recentemente, e
não havia outra solução. Depois de esperar pacientemente por duas horas
na sala de visitas, ela ainda deu um lindo sorriso quando a atendente veio
dizer que seu quarto estava pronto. Enquanto ela manobrava o andador em
direção ao elevador, dei uma descrição do seu minúsculo quartinho,
inclusive das cortinas floridas que enfeitavam a janela. Ela me
interrompeu com o entusiasmo de uma garotinha que acabou de ganhar um
filhote de cachorrinho. - Ah, eu adoro essas cortinas... - Dona
Cacilda, a senhora ainda nem viu seu quarto... Espera um pouco... - Isto
não tem nada a ver, ela respondeu, felicidade é algo que você decide por
princípio. Se eu vou gostar ou não do meu quarto, não depende de como a
mobília vai estar arrumada... Vai depender de como eu preparo minha
expectativa. E eu já decidi que vou adorar. É uma decisão que tomo todo
dia quando acordo. Sabe, eu posso passar o dia inteiro na cama, contando
as dificuldades que tenho em certas partes do meu corpo que não funcionam
bem... Ou posso levantar da cama agradecendo pelas outras partes que
ainda me obedecem. - Simples assim? - Nem tanto; isto é para quem tem
autocontrole e exigiu de mim um certo 'treino' pelos anos a fora, mas é bom
saber que ainda posso dirigir meus pensamentos e escolher, em consequência,
os sentimentos. Calmamente ela continuou: - Cada dia é um presente, e
enquanto meus olhos se abrirem, vou focalizar o novo dia, mas também as
lembranças alegres que eu guardei para esta época da vida. A velhice é como
uma conta bancária: você só retira aquilo que guardou. Então, meu conselho
para você é depositar um monte de alegrias e felicidades na sua Conta de
Lembranças. E, aliás, obrigada por este seu depósito no meu Banco de
Lembranças. Como você vê, eu ainda continuo depositando e acredito que, por
mais complexa que seja a vida, sábio é quem a simplifica.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

A difícil arte de dizer NÃO aos filhos


Você costuma dizer "não" aos seus filhos?

Considera fácil negar alguma coisa a essas criaturinhas encantadoras e de rostos angelicais que pedem com tanta doçura?

Uma conhecida educadora do nosso País alerta que não é fácil dizer não aos filhos, principalmente quando temos os recursos para atendê-los.

Afinal, nos perguntamos, o que representa um carrinho a mais, um brinquedo novo se temos dinheiro necessário para comprar o que querem? Por que não satisfaze-los?

Se podemos sair de casa escondidos para evitar que chorem, por que provocar lágrimas?

Se lhe dá tanto prazer comer todos os bombons da caixa, por que faze-lo pensar nos outros?

E, além do mais, é tão fácil e mais agradável sermos "bonzinhos"...

O problema é que ser pai é muito mais que apenas ser "bonzinho" com os filhos. Ser pai é ter uma função e responsabilidade sociais perante os filhos e perante a sociedade em que vivemos.

Portanto, quando decidimos negar um carrinho a um filho, mesmo podendo comprar, ou sofrendo por lhe dizer "não", porque ele já tem outros dez ou vinte, estamos ensinando-o que existe um limite para o ter.

Estamos, indiretamente, valorizando o ser.

Mas quando atendemos a todos os pedidos, estamos dando lições de dominação, colaborando para que a criança aprenda, com nosso próprio exemplo, o que queremos que ela seja na vida: uma pessoa que não aceita limites e que não respeita o outro enquanto indivíduo.

Temos que convir que, para ter tudo na vida, quando adulto, ele fatalmente terá que ser extremamente competitivo e provavelmente com muita "flexibilidade" ética, para não dizer desonesto.

Caso contrário, como conseguir tudo? Como aceitar qualquer derrota, qualquer "não" se nunca lhe fizeram crer que isso é possível e até normal?

Não se defende a idéia de que se crie um ser acomodado sem ambições e derrotista. De forma alguma. É o equilíbrio que precisa existir: o reconhecimento realista de que, na vida às vezes se ganha, e, em outras, se perde.

Para fazer com que um indivíduo seja um lutador, um ganhador, é preciso que desde logo ele aprenda a lutar pelo que deseja sim, mas com suas próprias armas e recursos, e não fazendo-o acreditar que alguém lhe dará tudo, sempre, e de "mão beijada"

Satisfazer as necessidades dos filhos é uma obrigação dos pais, mas é preciso distinguir claramente o que são necessidades do que é apenas consumismo caprichoso.

Estabelecer limites para os filhos, é necessário e saudável.

Nunca se ouviu falar que crianças tenham adoecido porque lhes foi negado um brinquedo novo ou outra coisa qualquer.

Mas já se teve notícias de pequenos delinqüentes que se tornaram agressivos quando ouviram o primeiro não, fora de casa.

Por essa razão, se você ama seu filho, vale a pena pensar na importância de aprender a difícil arte de dizer não.

Vale a pena pensar na importância de educar e preparar os filhos para enfrentar tempos difíceis, mesmo que eles nunca cheguem.

***

O esforço pela educação não pode ser desconsiderado.

Todos temos responsabilidades no contexto da vida, nas realizações humanas, nas atividades sociais, membros que somos da família universal.

(Do livro "Repositório de Sabedoria" vol I, Educação)

Momento de Reflexão
www.reflexão.com.br
Imagem:
www.analisesintatica.blogger.com.br

quarta-feira, 3 de junho de 2009

O ano passado


O ano passado não passou,
continua incessantemente.
Em vão marco novos encontros.
Todos são encontros passados.
As ruas, sempre do ano passado,
e as pessoas, também as mesmas,
com iguais gestos e falas.
O céu tem exatamente
sabidos tons de amanhecer,
de sol pleno, de descambar
como no repetidíssimo ano passado.
Embora sepultos, os mortos do ano passado
sepultam-se todos os dias.
Escuto os medos, conto as libélulas,
mastigo o pão do ano passado.
E será sempre assim daqui por diante.
Não consigo evacuar
o ano passado.

Carlos Drummnond de Andrade