quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Canção da Plenitude



Não tenho mais os olhos de menina
nem corpo de adolescente,
e a pele translúcida há muito se manchou.
Há rugas onde havia sedas,
sou uma estrutura agrandada pelos anos
e o peso dos fardos bons ou ruins.

(Carreguei muitos com gosto e
alguns com rebeldia)
O que posso te dar é mais que
tudo que perdi:
dou-te os meus ganhos.
A maturidade que consegue rir quando
em outros tempos choraria,
buscar te agradar quando antigamente
quereria apenas ser amada.
Posso dar-te muito mais do que
beleza e juventude agora:
esses dourados anos me
ensinaram a amar melhor,
com mais paciência e não
menos ardor,
e entender-te se precisas,
e agradar-te quando vais,
e dar-te regaço de amante
e colo de amiga,
e sobretudo força ...
que vem do aprendizado.
Isso te posso dar:
um mar antigo e confiável cujas marés,
mesmo se fogem - retornam,
cujas correntes ocultas não levam destroços,
mas o sonho interminável das sereias. (Lia Luft)

Este lindo poema,
é um presente da minha
doce amiga Sonia Marta.

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